segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Brahma

Ela é clara, brilhante, transparente e internacionalmente conhecida. Quando é dita a expressão “A número 1” o que vem na cabeça do consumidor é a marca de cerveja ou chope BRAHMA, uma das mais conhecidas e respeitadas do mercado brasileiro, consumida por um fiél exército de "Brahmeiros".

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A história
Tudo começou quando o engenheiro suíço Joseph Villiger, acostumado ao sabor das cervejas européias, resolveu abrir seu próprio negócio começando a fazer cerveja em casa. Saboreada primeiramente entre amigos, sua cerveja acabou agradando a vários paladares e ficou tão famosa que ele, juntamente com o brasileiro Paul Fritz e Ludwig Mack, em 1888, inaugurou a Manufactura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia, na Rua Visconde de Sapucahi número 128, Rio de Janeiro, lançando comercialmente a BRAHMA CHOPP, nas versões clara e escura, inicialmente vendida somente em barril de madeira. No início, a manufatura foi inaugurada com uma composição diária de 12.000 litros de cerveja e 32 funcionários.
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A palavra BRAHAMA significa um deus da Índia cultuado, principalmente, junto ao lago de Pushkar, em cujas águas, quem se banha, tem todos os pecados perdoados, por piores que sejam. Porém, há indícios que o nome BRAHMA tenha sido escolhido como uma suposta homenagem ao inventor da válvula de chope, o inglês Joseph Brahma. Meses depois, no dia 6 de setembro, a Junta Comercial da Capital do Império concede à Villiger & Cia. o registro da marca BRAHMA. Neste documento, uma mulher envolta por ramos floridos de lúpulo e cevada simbolizava a principal imagem do primeiro rótulo da BRAHMA.
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- Em 1894, a pequena cervejaria foi vendida para a firma George Maschke e Cia, que modernizou e ampliou. No dia 12 de agosto de 1904, com a produção de seu chopp em tonéis chegando a 6 milhões de litros e com 9 depósitos, todos localizados no centro do Rio de Janeiro, nascia a Companhia Cervejaria Brahma da fusão entre Georg Maschke & Cia. Cervejaria Brahma e da Preiss Häussler & Cia. Cervejaria Teutonia. Em 1921 é firmado contrato de promessa de venda da Cervejaria Guanabara à Companhia Cervejaria Brahma. A Cervejaria Guanabara, antes Cervejaria Germania, foi uma das mais antigas do país e, depois de adquirida pela empresa chamou-se Filial São Paulo, também foi conhecida por Filial Paraíso, iniciando assim a fabricação de cervejas das cervejas BRAHMA em São Paulo. - - Somente em 1934, em pleno carnaval, o chope da BRAHMA foi engarrafado e passou a se chamar oficialmente BRAHMA CHOPP, para levar consigo a fama que o chope já havia conquistado. Ary Barroso e Bastos Tigre compuseram a marchinha “Chopp em Garrafa” que, cantada por Orlando Silva, propagou a grande novidade. De garrafa em garrafa a BRAHMA CHOPP passou a ser a cerveja mais consumida do país. Nesse ano, a produção alcançou os 30 milhões de litros de cerveja. A diversificação de cervejas da marca começou na década de 40, quando, com extrato forte e encorpado, é lançada no mercado a BRAHMA EXTRA em garrafas de 600ml. Em 1954 a cervejaria já contava com 6 fábricas e uma maltaria; e dez anos depois praticamente já havia conquistado todo o território nacional. - - Em 1965 iniciam-se os trabalhos das primeiras revendas exclusivas BRAHMA, constituídas em sua maioria por antigos funcionários da empresa. Essa iniciativa ampliou ainda mais o alcance de distribuição da cerveja BRAHMA. As novidades em relação a embalagens começaram em 1967 com a introdução em caráter experimental da garrafa de 300ml, apelidada de BRAHMINHA; cinco anos mais tarde, em 1972, com o lançamento da BRAHMA CHOPP e da BRAHMA EXTRA em lata de folhas de flandres; e em 1978, com o lançamento da cerveja em garrafa de vidro personalizada na cor âmbar (antes era engarrafada em vasilhames de qualquer cor). A década de 80 começou com uma grande novidade: a BRAHMA BEER, cerveja destinada exclusivamente para exportação. Nesta época a revista The Washingtonian elege a BRAHMA BEER como a melhor cerveja importada nos Estados Unidos. Era o começo de internacionalização da marca BRAHMA. Dois anos depois, em 1982, surpreende o mercado ao lançar a primeira cerveja Light do país, com baixa fermentação e baixo teor alcoólico. Em 1986 a cerveja BRAHMA foi lançada, em lata, na cidade de Tóquio no Japão. - - Uma grande mudança aconteceria quando o Grupo Garantia adquire o controle acionário da Companhia Cervejaria Brahma em 27 de outubro de 1989 e a partir daí, são iniciadas as construções de novas fábricas. A década de 90 tem início com grandes novidades: em 1991, é lançado o Serviço ao Consumidor Brahma que surgiu junto com o Código de Defesa do Consumidor para garantir apoio e satisfação aos nossos consumidores; e em 1992, inicia-se o esforço de exportação da BRAHMA CHOPP para a Argentina onde, em apenas um ano torna-se a Nº. 1 entre cervejas as importadas. Foi em 1993 que a BRAHMA inaugurou sua primeira fábrica fora do território brasileiro, localizada na Argentina. Pouco depois, em 1998, a BRAHMA CHOPP passou a ser exportada para a Europa, iniciando seu ingresso no mercado do velho continente pela França. A partir de 1999, a BRAHMA faz parte da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev), resultado da fusão entre as cervejarias BRAHMA e Antarctica. No final de 2009, a Ambev, proprietária da marca BRAHMA, anunciou um acordo de patrocínio com a FIFA (Federação Internacional de Futebol) para a Copa do Mundo de 2010, que será realizada na África do Sul. A BRAHMA será a patrocinadora oficial do evento, ocupando o lugar antes cativo da Budweiser. A iniciativa está em sintonia com a sua estratégia de marketing que prevê a transformação da BRAHMA em uma marca global.
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Brahma

A cerveja é um produto com longa tradição no Brasil, surgindo já referências a esta bebida em documentos que datam do século XVII. No entanto, a sua ascensão foi demorada e tortuosa, sendo que, no início do século XIX, a cachaça e o vinho eram as bebidas alcoólicas preferidas pelo povo. Nessa época, a cerveja já era produzida, mas o seu consumo não se encontrava generalizado, antes permanecendo como uma produção caseira e típica de populações imigrantes. Por outro lado, devido à pressão e influência portuguesas, o vinho era a bebida mais comercializada. Tal situação só seria modificada com a abertura dos portos brasileiros a artigos de outras origens que não portuguesa, sendo a cerveja um desses produtos. O consumo foi crescendo gradualmente e, em 1836, surgiu a primeira notícia sobre a fabricação de cerveja no Brasil. Esse anúncio, publicado no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, dizia o seguinte: "Na Rua Matacavalos, número 90, e Rua Direita número 86, da Cervejaria Brazileira, vende-se cerveja, bebida acolhida favoravelmente e muito procurada. Essa saudável bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por muito tempo". Tal seria o ponto de arranque para o desenvolvimento da cerveja a um nível mais comercial. Em 1846, Georg Heinrich Ritter instala uma pequena linha de produção de cerveja na região de Nova Petrópolis - RS, criando então a marca Ritter, uma das precursoras do ramo cervejeiro.
A década de 40 do século XIX foi um período de grande desenvolvimento no fabrico e consumo de cerveja. Para além da já mencionada cerveja Ritter, muitas outras aproveitaram o caminho anteriormente desbravado, como sejam os casos da firma Vogelin & Bager, que abriu uma cervejaria no bairro do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, ou a Henrique Leiden e Cia, que deu origem à Imperial Fábrica de Cerveja Nacional, também no Rio de Janeiro. O Almanak Laemmert dá-nos a conhecer muitas outras cervejarias que foram abrindo um pouco por todo o Brasil, desde Joinville - SC a São Paulo - SP, passando por Petrópolis - RJ e Niterói - RJ. Na década seguinte, apareceu uma nova leva de industriais interessados em investir neste negócio florescente. Para dar apenas alguns exemplos, recordamos a Fábrica de Cerveja Nacional de Alexandre Maria VillasBoas & Cia, no Rio de Janeiro - RJ, a Fábrica de Cerveja de Thimóteo Durier, em Petrópolis - RJ, a Fábrica de Jacob Nauerth no Rio de Janeiro - RJ, a Fábrica de Cerveja Guarda Velha de Bartholomeu Correa da Silva, também no Rio de Janeiro e a Fábrica de Cerveja de Friederich Christoffel, em Porto Alegre - RS. Poderíamos aqui incluir muitas outras, mas o nosso objectivo não passa por enumerá-las todas. Queremos apenas demonstrar a grande quantidade de fábricas e cervejarias que foram surgindo entre os anos 40 e 80 do século XIX, algo que permitiu uma grande expansão no consumo de cerveja, facto esse que levou a que esta bebida se tornasse a mais popular do Brasil.
Curiosamente, até ao estabelecimento da cerveja como bebida rainha, o produto mais procurado e consumido pela população era a "Gengibirra", feita de farinha de milho, gengibre, casca de limão e água. Após a mistura dos ingredientes, deixava-se a infusão a descansar alguns dias, sendo posteriormente vendida em garrafas ou canecas. Também popular era a "Caramuru", feita de milho, gengibre, açúcar mascavado e água, sendo que esta mistura costumava fermentar por uma semana antes de ser consumida. Todavia, e como referimos, estes produtos passaram a sofrer uma forte concorrência por parte da cerveja, sendo exemplo disso o pequeno bar "À Cidade de Berna", local de grande sucesso onde era servida a Cerveja Bávara, então produzida pela Stupakoff & Cia. Por essa altura, o Rio de Janeiro já era uma cidade comparável a outras da Europa, possuindo um mercado consumidor relevante. A venda de cerveja era feita ao balcão da própria cervejaria, que atendia a particulares. As entregas eram feitas por carroças, que se deslocavam às zonas comerciais dos bairros adjacentes.
Em 1882 formou-se uma sociedade que iria dar origem a uma marca que, ainda hoje, desempenha um papel de grande relevo na indústria cervejeira brasileira. Assim, surge a expressão "Antarctica", fruto da associação entre Louis Bucher e Joaquim Salles, este último proprietário de um matadouro de suínos com aquele nome, local onde possuía uma máquina de fazer gelo. Tal facto revestiu-se de enorme importância pois as fábricas não produziam cerveja com marca alguma, já que esta era vendida directamente dos barris e, nos poucos casos em que era engarrafada, não possuía um rótulo próprio. O passo seguinte para esta sociedade foi a criação da "Antarctica Paulista - Fábrica de Gelo e Cervejaria", firma que, como o nome indicava, se dedicava à produção de gelo e produtos alimentícios. No entanto, esta marca não ficaria por muito tempo sozinha no mercado. Em 1888, um imigrante suiço de nome Joseph Villiger, acostumado ao sabor das cervejas europeias e inconformado com a má qualidade das cervejas fabricadas no Brasil, resolveu abrir o seu próprio negócio, começando a fazer cerveja em casa. Deste modo, a 6 de Setembro desse ano, é registada a "Manufactura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia", fundada pelo próprio Villiger, por Paul Fritz e por Ludwig Mack, sendo então comercialmente lançada a Cerveja Brahma. A manufactura foi inaugurada com uma produção diária de 12.000 litros de cerveja e 32 funcionários. Começava aí uma luta que sobreviveu até aos nossos dias! O crescimento de ambas as empresas é grande e quase imediato. Em 1889 é publicado o primeiro anúncio de uma marca de cerveja brasileira: "Cerveja Antarctica encontra-se à venda na Rua Boa Vista, 50 A", podia ler-se no jornal "A Provincia de São Paulo" (actualmente o "Estado de São Paulo"). No ano seguinte, a Antarctica aumenta o seu quadro de funcionários para 200 e a sua capacidade de produção passa a ser de 40 mil hectolitros/ano. Este desenvolvimento leva a que a empresa se transforme numa sociedade anónima, com 61 accionistas, passando então a chamar-se de "Companhia Antarctica Paulista SA". Dois desses accionistas, João Carlos António Zerrener e Adam Ditrik von Bullow, eram sócios numa empresa de importação, em Santos, algo que facilitou a compra de máquinas e de matéria-prima para a cervejaria. Contudo, este grande crescimento não foi sustentado, pelo que ainda em 1893 a Antarctica se encontra à beira da falência, sendo então comprada pela sua principal credora, a empresa Zerrener, Bullow & Cia. De facto, este fenómeno de rápido surgimento de muitas marcas no mercado, era posteriormente acompanhado do desaparecimento de muitas outras. Assim sendo, a maior parte delas não chegaram aos nossos dias ou mudaram de donos. Como exemplos, temos as cervejas Bock e Victória da Cervejaria Feldmann de Blumenau - SC, que já não existem, a cerveja Caracu, inicialmente pertença da Cervejaria Rio Claro, em Rio Claro - SP e que hoje faz parte do portefólio da AmBev ou a Cervejaria Bavária, localizada na Moóca, que foi adquirida em 1904 pela Antarctica, que aí instalou a sede do seu grupo.
Quem não parava era a Brahma. Em pouco mais de uma década esta empresa viria a registar quase uma dúzia de marcas, como são exemplos a cerveja Bier, a Crystal, a Pilsener, a Franziskaner-Brau, a Munchen, a Guarany, a Ypiranga, a Bock-Ale ou a Brahma Porter, para apenas nomear algumas. A expansão da firma fazia-se também à custa da aquisição e fusão com outras empresas, como aconteceu em 1904, ano em que surgiu a Companhia Cervejaria Brahma, resultante da união entre a Georg Maschkle & Cia. – Cervejaria Brahma e a Preiss Haussler & Cia. – Cervejaria Teutônia (produtora, entre outras, das cervejas Excelsior, Teutonia e Munchen-Bock). A notoriedade da Brahma era também obtida através de fortes campanhas publicitárias e do patrocínio que dava a bares, restaurantes e artistas. Para além do mais, a importação de novos equipamentos e a melhoria geral da qualidade da sua maquinaria proporcionou-lhe a obtenção de uma boa imagem junto dos consumidores. Nesta altura, a produção de chope em tonéis chega já aos 6 milhões de litros e a distribuição conta com 9 depósitos situados no centro do Rio de Janeiro. Este crescimento contínuo foi acompanhado, durante os primeiros anos do século XX, do lançamento de novas marcas, casos da ABC, da Bock-Crystal, da Bramina, da Bull Bock, da Rainha ou da Colombo.
Pode parecer surpreendente o grande número de marcas lançadas por uma única empresa, neste caso a Brahma, mas o mercado cervejeiro do início do século passado encontrava-se em grande ebulição, com a fundação de inúmeras indústrias um pouco por todo o Brasil, sendo que cada empresa tratava logo de registar um elevado número de marcas diferentes, por forma a assegurar uma determinada  fatia do mercado. Não querendo fazer um rol muito extenso de todas as marcas que foram sendo criadas, convém enumerar algumas, por forma a ficar-se com uma ideia da pujança da indústria cervejeira da época. Comecemos em 1903, ano em que a Cervejaria Mora de Petrópolis – RJ, se tornou na Fábrica de Bebidas Cascata, produtora das cervejas Cascata Preta e Cascata Branca. Em 1906, a Cervejaria Kuhene lançou a “Progresso 1906”, cerveja criada com o objectivo de comemorar a inauguração da estação ferroviária de Joinville. Um ano depois, a fábrica de cerveja Caetano Carmignani, em Pirassununga, começa a elaborar a cerveja preta Cavalinho, isto após adquirir novas máquinas e equipamentos. Já em 1912 é inaugurada a Cervejaria Tripolitana, fabricante da Tripolitana e com sede em Cachoeiro do Itapemirim – ES. Resumindo e só para se ficar com uma ideia geral, basta dizer que um ano antes do início da Grande Guerra, isto é, em 1913, existiam 134 cervejarias só no estado do Rio Grande do Sul!
A 1ª Guerra Mundial não trouxe grandes alterações ao panorama cervejeiro do Brasil. O facto da guerra se desenrolar principalmente na Europa e de a importação de cerveja estrangeira ser diminuta ou mesmo nula, fez com que não só o consumo como também a produção se mantivessem a níveis bastante elevados e em franco crescimento. Das poucas notícias que nos chegaram relativamente à influência que esta guerra teve na indústria cervejeira brasileira, há que destacar o facto da viúva Kremer, proprietária da Cervejaria Germânia, ter sentido a necessidade de alterar o nome da sua empresa para Cervejaria Americana. Para além disso, notou-se um ligeiríssimo abrandamento no lançamento de novas marcas no mercado: a Brahma surgiu com a Carioca, a Fidalga, a Suprema e a Malzbier e a Companhia Cervejaria Paulista passou a distribuir a Níger, Poker e Trust. E pouco mais há a realçar! O fim da década de 1910 é atingido rapidamente, sem que aconteçam alterações substanciais no tecido empresarial e no mercado cervejeiro brasileiro. Durante este período, assistiu-se à consolidação da cervejaria Brahma como a mais influente e dinâmica da sua área. Veja-se que logo em 1921, esta empresa adquiriu a Cervejaria Guanabara, uma das mais antigas do país, confirmando assim a sua vocação expansionista. O seu crescimento era, logicamente, combatido por outras fábricas e marcas, quer isso se fizesse através do lançamento de novos produtos, quer através da utilização de meios publicitários. Uma das firmas que se entregou a essa "luta" foi a Companhia Cervejaria Adriática, que anunciava nos jornais com relativa frequência. Num desses anúncios, a Adriática mencionava a entrada no mercado de 15 mil dúzias de Adriática Pilsen, Adriática Poschorr, Operária e Primor, assim como "da muito afamada Cachorrinha", todas "leves e límpidas no seu amarello-topázio".